Ficar atento as tendências que irão moldar o nosso futuro e com isso se antecipar e aproveitas as oportunidades é um comportamento fundamental em negócios que prosperam e crescem no decorrer dos anos.
Desta forma, apresentamos a seguir sete tendências, listadas pelo empresário e palestrante César Souza, em seu artigo no site da Isto é Dinheiro, que estão se apresentando para o próximo ano:
1- Mais convergência entre o físico e o digital
O futuro tende a ser “figital”. Magalu foi pioneira no Brasil em implantar um modelo único e integrado, unindo o melhor da capilaridade das suas 1,3 mil lojas físicas com o seu e-commerce. O resultado é um poderoso marketplace. A Amazon, uma nativa digital, em um movimento aparentemente na contramão da tendência da transformação digital (TD), investe em lojas físicas com o AmazonGo e em livrarias como a Amazon Books. Busca também o modelo “figital”. As empresas vencedoras serão as que conseguirem construir a melhor sinergia desses dois mundos.
2- Maior aproximação das empresas tradicionais com as startups
Nos últimos dois anos, muitas empresas iniciaram programas de inovação aberta. Repaginaram seus Departamentos de Inovação, estruturando innovation hubs e, até mesmo, projetos de corporate venture. Porém, a maioria ainda atua na base de impulsos, modismos e tentativa-e-erro, convivendo com as startups de forma pontual e limitada. A tendência da aproximação vai acentuar-se nos próximos meses, porém, empresas maduras e tradicionais precisam desenvolver uma espécie de plano diretor e um modelo de governança para que essa convivência com as startups seja mais eficaz e assertiva. É necessário estruturar melhor essa “ponte” entre os dois mundos – o do seu negócio já estabelecido com as soluções mais disruptivas trazidas pelas startups. Considere que se tornou fundamental buscar soluções extramuros que possam reduzir custos, aumentar receitas ou, pelo menos, mitigar alguns riscos.
3- Maior desintermediação
Os avanços tecnológicos já viabilizam o relacionamento mais direto, seja no B2B, entre fabricantes e clientes, ou no B2C, com os consumidores finais. A intermediação remanescente passará a ser mais nos marketplaces dos Super Apps, com lojinhas vendedoras (sellers), do que com os tradicionais distribuidores e revendedores. As diversas tecnologias emergentes, incluindo de logística e meios de pagamento, facilitam esse processo de desintermediação, que parece inexorável em muitos negócios.
4- Menor imobilização de ativos
As empresas tenderão a ser asset light, modelo utilizado para manter a menor quantidade possível de bens e ativos, investindo apenas no absolutamente necessário para prosseguir com suas operações. Esse movimento se dá de forma ainda mais intensa em momento de inflação, câmbio e juros crescentes. A opção será mais pelo Opex do que pelo Capex.
5- Maior “Uberização” no hábito dos consumidores
Em diversos produtos e serviços, a tendência será valorizar mais o acesso do que a propriedade. Mais importante que a posse de um bem será o acesso e o direito ao uso. “Access is beautiful” deverá ser o novo mantra desse viés minimalista, que começou com o “small is beautiful”, lembra? Afinal, “access, not property, matters!” na vida das empresas e das pessoas.
6- Maior pressão pelo ESG (meio ambiente, social e governança, da sigla em inglês)
Crescerá a preocupação com meio ambiente, iniciativas sociais e práticas da boa governança. Teremos mais demanda por energia renovável, produtos mais saudáveis, consumo consciente, distribuição de renda e apoio a comunidades carentes. O ESG deverá passar a ser visto como missão e comportamento de todos, do porteiro ao presidente da empresa, deixando de ser encarado como departamento ou missão de uma diretoria de Sustentabilidade.
7- Novos hábitos no ambiente de trabalho
O tradicional conceito de local de trabalho está sendo reinventado. Um termo mais adequado será “espaço de trabalho”. Já estamos trabalhando de qualquer lugar, em qualquer hora e não apenas no horário comercial, quando estamos nos escritórios. Teremos de repensar a ideia de equipe e de trabalho em grupo, pois a virtualidade das interações se intensificará. Muitas empresas operarão com profissionais sediados em outras cidades e, até mesmo, em outros países. Uma determinada indústria já conta com profissionais que trabalham na Ásia, na Europa e no Brasil, aproveitando as diferenças de fuso horário para sequenciar o processo de criação do seu departamento de engenharia. Desta forma, aumentará a demanda por profissionais com múltiplas habilidades e competências. Neste contexto, perde espaço quem atua de forma uni-funcional. Essa transição envolve alguns desafios: como monitorar o trabalho remoto? As pessoas que preferem trabalhar mais em casa serão preteridas nas promoções?
Além dessas sete tendências, precisamos colocar no radar de médio e longo prazos uma grande variedade de tecnologias emergentes – embaladas pela nova onda do metaverso – que certamente impactarão vários negócios. Nesse rol incluo a geoengenharia solar, que trata do gerenciamento da radiação solar e pode causar o desejado efeito de resfriamento da atmosfera; fazendas verticais inspiradas no exemplo da AeroFarm; impressoras 3D mais sofisticadas e capazes de fabricar órgãos artificiais humanos ou pontes de aço, como a recentemente inaugurada na Holanda; e aviões movidos a hidrogênio, entre outras inovações.
O conjunto, mesmo que apenas parcial dessas possibilidades, requer uma reflexão estratégica sobre ajustes necessários no modelo de negócios e de gestão da maioria das empresas. Demanda também pensamento aprofundado sobre o perfil e as competências requeridas dos líderes, para que estejam mais aptos a enfrentar um cenário bem diferente daquele ao qual estamos habituados.
Fonte: www.istoedinheiro.com.br